terça-feira, 25 de agosto de 2015

Crônica: Verdade Mal Contada

Olá insones! Tudo bem com vocês? Espero que sim! Por aqui tá um tanto corrido... por isso não deu pra preparar um post no dia certo pra vocês, mas para não deixar de cumprir com nosso compromisso, decidi postar uma crônica do nosso livro parceiro, Verdade Mal Contada, resenha aqui! O nome da crônica é

A loucura que sempre será (por Deyse Batista)


Já me acusaram de egoísmo, já me proibiram de pensar: não funcionou. Já me reprovaram com olhares, já me julgaram por meia palavra dita, já censuraram as minhas verdades (mal contadas): nunca senti vergonha de um ato sequer. Já tentaram fazer com que eu fosse menos eu - menos palavras ditas sem pensar, menos livros por toda a casa, menos amor em um abraço. Todos me preferem assim, fria e calculista: menos carinho, menos afeto, menos tudo que não contenha álcool - menos vida pra se orgulhar, eu acrescentaria. "Uma dose de tequila e dois dedos de desapego, por favor" é a pedida da vez, tentaram me convencer. E por fim, me abandonaram por achar que depois de todas as lições, eu não conseguia entender a lógica das coisas - mal sabiam eles que eu dançava minha própria valsa, num ritmo que só eu acompanhava.
Mal sabiam eles que os círculos da minha vida jamais se encontravam e que os dias, para mim, não servem para repetir os mesmos atos destrutivos de quem tenta enganar os outros - e a si mesmo - de que não existe motivo para chorar. O mundo ao meu redor prefere ser forte, prefere ser valente, prefere ser falso. Um conjunto de marionetes ocas por dentro. Mal sabiam eles que eu havia aprendido com o maior dos mestres, que me dizia sem parar: "abraça a tua loucura antes que seja tarde demais". E loucura, para nós - ele e eu, como um só - nunca foi sinônimo de noites insanas no centro da cidade, sem freio e sem rumo. Loucura nunca foi uma garrafa vazia de vinho chileno. Loucura nunca foi abandonar seus sentimentos em uma esquina qualquer como se fosse um papel velho que se amassa e joga fora. Loucura nunca foi negar amor e companhia porque se tem a ilusão de que se pode viver sozinho.
Loucura, para pessoas como nós, é não aceitar ser apenas alguém. É ousar ser feliz e ser muito triste, inclusive. Loucura é não ter medo de arriscar doer mais um pouco quando já estiver doendo muito. Loucura é encontrar sempre alguém que faça tudo valer à pena, mesmo que não seja recíproco, mesmo que não seja duradouro, mesmo que não seja ridículo. Loucura é esbanjar mil palavras como se elas fossem mudar o mundo e mesmo, quando se descobre que não muda nem quem as escreveu, ainda assim continuar em um desabafo sem coerência alguma. Loucura é olhar para os lados e não encontrar ninguém, mas ainda assim se sentir acompanhado pelo mundo inteiro. Loucura é ter coragem de ser quente e letrista mesmo quando gente desse tipo, nesse mundo, já não se encontra mais.

-- xoxo --

Pra quem gosta desse estilo de escrita, tenho ótimas indicações para vocês: Da boca pra dentro (resenha); Apaixonada por histórias (resenha); A menina que colecionava borboletas (resenha); e a coleção fala serio, da amada Thalita Rebouças. :)


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